O Mito do Empreendedor e o Erro de Ignorar os Stakeholders

Existe uma narrativa que seduz e aprisiona muitos empreendedores: a ideia de que ser excelente tecnicamente basta para construir um negócio de sucesso. Esse é o cerne do que Michael Gerber chamou de "O Mito do Empreendedor" — a falsa crença de que um bom padeiro, por exemplo, automaticamente será um bom dono de padaria. Ou que o advogado excelente naturalmente será um gestor eficaz de um escritório.
Na prática, o que acontece é o contrário: o empreendedor técnico mergulha na operação, se torna refém do próprio negócio, e, ao invés de conquistar liberdade, acumula sobrecarga, decisões solitárias e noites mal dormidas.
O que muitos não percebem é que a construção de uma empresa sustentável vai muito além da entrega técnica. Exige estrutura, visão e, sobretudo, a capacidade de gerir relações com todos que orbitam o negócio — os chamados stakeholders.
Stakeholders são todas as partes interessadas no sucesso (ou no fracasso) da sua empresa. Incluem sócios, investidores, clientes, colaboradores, fornecedores, comunidade, governo, entre outros. Quando esses agentes não são ouvidos, respeitados ou bem geridos, o crescimento da empresa se transforma em um campo minado. E o pior: o empreendedor técnico nem sempre percebe isso até que seja tarde.
É comum ver empresas afundarem não por falta de talento, mas por desorganização societária, desalinhamento de expectativas, conflitos internos mal resolvidos ou relações comerciais baseadas apenas na confiança verbal — tudo isso, fruto da negligência com a gestão dos stakeholders.
Gerber nos mostra que negócios passam por três fases: infância (quando o dono faz tudo), adolescência (quando tenta delegar sem preparo) e maturidade (quando processos, pessoas e estratégia sustentam a operação). Mas o que ele também nos permite perceber — ainda que nas entrelinhas — é que o empreendedor só alcança a maturidade quando reconhece que não está sozinho. E que precisa aprender a construir e sustentar relacionamentos estratégicos com as partes interessadas.
É nesse ponto que entra a importância de uma assessoria jurídica estratégica. Mais do que “resolver pepinos”, ela tem o papel de estruturar o negócio para o crescimento. Desde a formalização de relações com sócios e colaboradores, passando pela criação de políticas internas claras, até a redação de contratos comerciais que protejam o caixa e a reputação da empresa.
Stakeholders não são ornamentos no discurso institucional. Eles são alicerces. São quem pode te impulsionar — ou te derrubar.
Se o mito do empreendedor é acreditar que “dar conta de tudo” é sinal de sucesso, a verdade prática é outra: o empreendedor de verdade é aquele que aprende a dividir o peso, compartilhar visão e construir uma estrutura onde ele não seja indispensável para tudo funcionar.
Stakeholders bem geridos não tiram sua autonomia — eles te libertam da prisão do improviso.
Seu negócio está crescendo em cima de confiança informal ou em cima de estrutura sólida?
A assessoria jurídica estratégica existe para transformar boas ideias em negócios sustentáveis